Quando as lembranças já não são tão claras e as vistas estão embaçadas,
as mãos sentem-se fracas e o caminhar torna-se mais lento, o coração
responde que ainda é tempo de viver o amor existe e persiste dentro de
nós. O mesmo amor que outrora deixamos de expressar, ou que a rotina
parecia abafar e as responsabilidades insistiam em adiar. O amor que
optamos por ignorar, pois tivemos receio de sentir, exatamente por ter
noção de sua intensidade. Ele sempre esteve ali, gritando em alto e bom tom,
mas só agora nos acalmamos. O corpo demonstra suas fragilidades, o ego
silencia, as vaidades são desconstruídas e, então, podemos ouvi-lo:
“Anete, quanto tempo... Estava com saudade!”. Os olhos de ambos
brilharam e não se importavam se estavam sendo observados. Ele deu um
sorriso tímido de canto de boca e ela o olhava com admiração sincera. Os
cabelos ruivos, o perfume e o sorriso espontâneo de Josiane lhe trouxeram a doce lembrança de sua Anete. Por um instante,
percebemos que o amor não se ausentou, mesmo com o passar dos anos, e que
Anete sempre esteve presente no vivo coração do Sr. Antônio.
Texto dedicado aos senhores e senhoras do Asilo São Vicente de Paula.
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