domingo, 28 de fevereiro de 2016

Fotografia

Se eu escrever sobre o amor,
não pense que escrevo sobre nós dois.
Não, querido.
Não há mais o lirismo,
chegou ao fim nossa poesia.

Se eu cantar o amor,
Não pense que é para que me escute.
Não, querido.
Nossas vozes desafinaram,
perderam o tom
da nossa velha canção.

Se eu sorrir quando me olhares,
verás que não é o mesmo sorriso que conhecia.
Aquele sorriso era só seu, aquela mulher era só sua.

Se eu chorar de amor,
Não pense que ainda é por você.
Não confunda, querido.

Já não somos os mesmos daquela fotografia.
Somos outros
e para outros.

7 comentários:

  1. Vou deixar um comentário só, sobre tudo o que você escreveu até aqui. E isso inclui o que eu já li fora:
    Sua literatura é uma literatura em que a gente consegue acreditar. Ela tem forma. Seu texto é mais do que um texto bonito, é um texto seguro, uma "voz". Seu blog é um encantamento. Agora que ele existe é que eu penso que ele me fazia falta, antes de existir. (Rodrigo)

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  2. Rodrigo, pensa na alegria da pessoa lendo seu comentário. Quem sou eu diante da sua intimidade com as palavras. Obrigada pela presença e considerações. Elas importam muito pra mim. :)

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  3. Também penso que ele me fazia falta, antes de existir! Sempre linda, Pam!

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  4. Ler esse poema doeu lá dentro. É um pouco sobre as fotografias de todos os casais hoje separados. Seu poema é a fotografia de uma fotografia. E isso o torna mais pungente e lindo.

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    1. Samuca, obrigada por escrever suas considerações. Estou amando essa experiência de saber sobre o que sentem ou pensam aqueles que leem. Eu sentia um nó na garganta porque pude rever muitas fotografias passando em minha memória enquanto eu escrevia.

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